Quanto ganha um motorista de aplicativo com carro alugado?

Se você está pensando em entrar nos aplicativos ou já dirige com um carro alugado, é hora de encarar a realidade nua e crua. Afinal, quanto realmente dá para ganhar trabalhando com carro alugado? Você sabe exatamente quanto está gastando? Está usando o carro com o propósito certo? E, o mais importante: será que está valendo a pena ou você só está pagando para trabalhar?

Vamos direto ao ponto.

Rodar com carro alugado tem sim seus benefícios. Você se livra de várias dores de cabeça: não precisa se preocupar com financiamento, IPVA, seguro, manutenção pesada nem com mecânico. Basicamente, você paga o aluguel, abastece e roda. Se o carro quebra, a locadora troca — simples assim. E o melhor: você não se prende a um contrato de quatro anos como num financiamento. Pode parar quando quiser.

Mas é claro, nem tudo são flores. As locadoras sempre tentam empurrar algum custo extra, e o maior vilão aqui é o valor semanal. A média de aluguel gira em torno de R$ 700 por semana — ou seja, R$ 2.800 por mês. Isso sem contar combustível, lavagem e, claro, o desgaste físico de rodar 10, 12 ou até 14 horas por dia. É muito tempo no volante só para fechar as contas.

E ainda tem mais. A maioria dos motoristas com carro alugado trabalha apenas nas categorias mais básicas, como o X ou o 99Pop. Subir de categoria encarece o aluguel e torna o negócio inviável. Além disso, a maioria dos planos tem limite de quilometragem. Então, esqueça usar o carro para viagens, lazer ou passeio com a família — ele será sua ferramenta de trabalho e nada mais.

Agora, vamos aos números.

Simulação 1 – O cenário otimista (R$ 1,80 por km)

Aluguel: R$ 2.800/mês
Limite: 5.000 km/mês
Consumo médio: 13 km/L
Gasolina: R$ 5,89/L
Lavagens: R$ 200/mês

Resultado:
Rendimento bruto de R$ 9.000.
Custo total (combustível + aluguel + lavagem) de R$ 5.266,31.
Lucro líquido: R$ 3.733,69.

Nada mal — você estaria entre os 10% que mais ganham no Brasil. Mas esse cenário é cada vez mais raro.

Simulação 2 – Realidade intermediária (R$ 1,50 por km)

Receita bruta: R$ 7.500.
Mantendo os mesmos custos, sobra R$ 2.233,69 de lucro.
A margem já aperta. Só R$ 0,30 a menos no km derruba o lucro em mais de R$ 1.500. E aqui começa a reflexão: vale mais a pena essa incerteza ou um emprego CLT com benefícios?

Simulação 3 – O cenário comum (R$ 1,40 por km)

Rendimento bruto: R$ 7.000.
Despesas iguais: R$ 5.266,31.
Lucro líquido: apenas R$ 1.733,69.
Você fica com 24% do bruto, enquanto a locadora e o posto ficam com o resto. Trabalha o mês inteiro para sobrar menos de R$ 60 por dia — e qualquer imprevisto te joga no vermelho.

Simulação 4 – A linha de perigo (R$ 1,30 por km)

Rendimento bruto: R$ 6.500.
Lucro líquido: R$ 1.233,69 — cerca de R$ 41 por dia.
Aqui, você literalmente paga para trabalhar.

Conclusão

Acima de R$ 1,80/km: ainda vale a pena.
Entre R$ 1,50 e R$ 1,70/km: é apertado, mas possível.
Abaixo de R$ 1,40/km: você está pagando para trabalhar.

Nem sempre dá para rodar os 5.000 km por mês. Trânsito, cancelamentos, baixa demanda, descanso e compromissos pessoais reduzem seu tempo produtivo — e, portanto, seu lucro.

Então, carro alugado em 2025 ainda vale a pena?
Depende.
Depende do quanto você consegue faturar por km, da cidade onde trabalha e, principalmente, da sua disciplina financeira.

Se você roda de forma estratégica, usa as ferramentas certas, evita desperdício e consegue manter uma boa média por quilômetro, o aluguel pode ser uma fase de transição. Uma maneira de trabalhar sem dívidas, sem manutenção e com a cabeça tranquila enquanto você se prepara para algo maior — um curso, uma faculdade, um concurso, um projeto pessoal.

Mas se você roda sem controle, com ganhos baixos e no improviso, vai passar o mês inteiro para sobrar menos que um salário mínimo. E convenhamos: isso não é sustentável.

Carro alugado é uma ferramenta de trabalho — não um brinquedo. Use com propósito, disciplina e estratégia. No fim das contas, não é o carro que define quanto você vai ganhar. É o jeito como você o utiliza.